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Foto do escritorFono Maísa Casarin

Sinais de autismo antes dos 2 anos -TEA -

Atualizado: 18 de dez. de 2021

Sinais de autismo em crianças dos 12 aos 24 meses – Nunca é cedo demais!

O conceito de autismo infantil, se modificou desde a sua descrição inicial, em 1943, descrito por Leo Kanner como “distúrbio autístico de contato afetivo” e, em 1944 por Asperger, hoje conhecido como síndrome de Asperger. Ao longo das décadas passou a ser agrupado em um contínuo de condições com as quais guarda várias similaridades, que passaram a ser denominadas de transtornos globais (ou invasivos) do desenvolvimento (TGD). Mais recentemente, denominaram-se os transtornos do espectro do autismo (TEA) para se referir a uma parte dos TGD: o autismo, a síndrome de Asperger e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação (portanto, não incluindo a síndrome de Rett e o transtorno desintegrativo da infância). Mas Você sabia que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição médica que afeta no desenvolvimento da linguagem, na interação social, nos processos de comunicação e do comportamento social da criança. Ele está classificado, hoje, dentro dos Transtornos do Desenvolvimento e atinge cerca de 0,8% a 1% das crianças, na proporção de 1 para cada 51 nascimentos. Não é raro e seus efeitos são severamente sentidos pela criança, pelos cuidadores e pelas instituições que as abrigam. Ao longo de décadas pais e profissionais tem se mobilizado para contribuir tanto para a definição e a identificação de sinais clínicos e problemas correlacionados quanto para as diretrizes de educação e os atendimentos especializados necessários

E por o TEA não ser uma doença, ele pode ser trabalhado, reabilitado, modificado e tratado. Assim, duas questões tornaram-se fundamentais: a importância da detecção de sinais iniciais de problema de desenvolvimento em bebês que podem estar futuramente associados aos TEA e a necessidade do diagnóstico diferencial.

Pode-se observar sinais de alerta desde os 4 meses de idade. Mas é entre os 12 e 24 meses que aparecem as maiores diferenças. A área da linguagem merece atenção especial, pois são muitos os sinais de alerta para TEA na faixa etária dos 12 aos 18 meses. Próximo dos 12 meses surgem as primeiras palavras e, por volta do 18o mês, as primeiras frases (juntando duas palavras: “tchau papai!, é nenê, qué papá”). A partir dessa fase ocorre um aumento diário do vocabulário e uso de verbos. A compreensão vai também saindo das situações cotidianamente repetidas e se ampliando para diferentes contextos. E a comunicação é, em geral, acompanhada por expressões faciais que refletem o estado emocional das crianças, elas gostam de imitar caretas, usam o sorriso social e apontam para pedir itens desejados que estão fora do alcance. A iniciativa da criança em apontar para mostrar coisas que despertam a sua curiosidade e pedir objetos aumenta em frequência. Geralmente, o gesto é acompanhado por contato visual e, às vezes, sorrisos e vocalizações (sons). A ausência ou raridade desse gesto de atenção de compartilhamento pode ser um dos principais indicadores de TEA.

A criança com TEA pode não apresentar as primeiras palavras na faixa de idade dos 12 aos 18 meses. E, quando apresenta fala, essa tende a ser rígida, repetitiva e pouco funcional, além de ter dificuldade em ampliar sua compreensão de situações novas. A criança apresenta menos variações na expressão facial ao se comunicar, a não ser expressões de alegria, excitação, raiva ou frustração. E os gestos e comentários em resposta ao adulto tendem a aparecer isoladamente ou após muita insistência, com raras iniciativas de fala. Tal ausência é um dos principais sinais de alerta para TEA.

Outro fator a analisar é em relação a alimentação, com introdução de novas texturas e sabores. A criança gosta de descobrir as novidades na alimentação, embora possa resistir um pouco no início, e tem prazer em compartilhar as refeições com os demais colegas e familiares. Crianças com TEA podem ter muita resistência à introdução de novos alimentos na dieta e pode apresentar seletividade alimentar extrema, mantendo somente alimentação líquida, embora possa deglutir outras texturas. Também podem ter preferência por algum tipo de alimento, mantendo, por exemplo, a textura, a cor, a consistência etc.

O desenvolvimento da brincadeira também ocorre de maneira diferente e menos diversificada. A criança com TEA tende a explorar menos os objetos e, muitas vezes, fixa-se em algumas de suas partes sem explorar suas funções (por exemplo: enfileirar objetos, girar rodas, preferência por brincar com letras ou números do que com miniaturas de objetos).

Dos 18 aos 24 meses ficam ainda mais nítidas as diferenças entre as crianças neurotípicas e as com Transtorno do espectro do autismo, principalmente na interação social. São sinais de alerta para TEA quando a criança: a) não se interessar e não tentar pegar objetos estendidos por pessoas ou fazê-lo somente após muita insistência; b) não seguir o apontar ou o olhar dos outros; c) não olhar para o alvo ou olhar apenas para o dedo de quem está apontando; d) não alternar seu olhar entre a pessoa que aponta e o objeto que está sendo apontado; e) utilizar menos gestos e/ou utilizá-los aleatoriamente e f) não responder com gestos, como acenar com a cabeça para “sim” e “não.

Havendo suspeita é indicada a avaliação com profissionais experientes na área como neurologista, pediatra, psiquiatra, psicólogo e fonoaudiólogo. O diagnóstico de TEA envolve a identificação de “desvios qualitativos” do desenvolvimento ( principalmente interação social e da linguagem). O fonoaudiólogo é habilitado a avaliar aspectos linguísticos que diferenciam os TEA de outras condições, sobretudo dos transtornos de linguagem na presença de deficiência auditiva ou de outros transtornos de linguagem. O objetivo da avaliação não é apenas o estabelecimento do diagnóstico por si só, mas a identificação de potencialidades da criança e de sua família e iniciar o processo de intervenção o quanto antes. Pois nunca é cedo demais!

A apresentação do diagnóstico deve ser complementada pela sugestão de tratamento, incluindo todas as atividades sugeridas no projeto terapêutico singular. Além disso, o transtorno do espectro autista impõe cuidados e rotinas diferenciadas. É igualmente importante esclarecer que os cuidados serão compartilhados entre a equipe profissional responsável pelo tratamento e a família. A família deverá receber treinamento e apoio constantes pois essa condição causará inúmeras mudanças na rotina.


Maísa Tatiana Casarin

CRFa. 3-6763

Fonoaudióloga

Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela UFSM-RS

Especialista em Linguagem pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia,

Especializada em Intervenção ABA para autismo e deficiência intelectual pelo CBI MIAMI- Universidade Celso Lisboa

Membro da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia




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